Você realmente se acha bom ?

Como o contexto molda o que é 'bom' ou 'ruim' e a importância do autoconhecimento, flexibilidade e adaptabilidade.

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Rodrigo Moura
Publicado em
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Você realmente se acha bom ?

Ano passado eu decidi que incluiria mais livros de ficção na minha lista de leitura, e comecei uma série com volumes tão grandes, que a lista de 2025 herdou alguns títulos de 2024 que ainda nem terminei. A coleção é boa, mas um pouco cansativa, já pensei em abandonar algumas vezes, e se eu não tivesse uma característica tão forte de sempre terminar tudo que eu começo, já o teria feito.

Em uma dessas tentativas sem sucesso da minha mente de me roubar o foco, me perguntei se esse traço de finalizador obstinado era bom ou ruim, será que ele me leva ao sucesso através da disciplina, ou  essa tenacidade em não deixar nada inacabado estaria me impedindo de abandonar projetos e ideias sem futuro ?

Fora à esse, a empatia é outro atributo que frequentemente me causa essa dúvida, o lado positivo dela é fácil de perceber, ser empático me dá visão do ponto de vista do outro, melhorando a comunicação, que é fundamental para a posição de liderança que ocupo no trabalho, mas por outro lado, sentir de forma intensa as emoções que percebo no outro, faz com que decisões contrárias à expectativa dos meus liderados, tenham um impacto negativo em mim, mesmo sendo  necessárias, por isso constantemente trabalho meu autoconhecimento, inteligência emocional para não comprometer minha capacidade de decisão e eu continue liderando de forma integra.

Sem autoconhecimento e inteligência emocional, até a empatia, geralmente vista como positiva, pode ter consequências negativas

Cheguei a conclusão, que assim como nós não somos essencialmente bons ou ruins, as particularidades que compõem nossa personalidade também são relativas,  não é possível classificá-las isoladas de contexto, como  ambiente, objetivo e intensidade.

Por exemplo: pressupõe-se que ser curioso, em um laboratório de pesquisa, é positivo, mas se tratando de uma zona de guerra, não. Entretanto, se o  objetivo no caso do laboratório de pesquisa, é limpar o cômodo, é melhor não ser curioso, o oposto vale caso se trate do redator da pesquisa científica. Pensando na zona de guerra, mesmo que curiosidade não seja desejável lá, não seria bom combatente  alguém sem o mínimo de interesse sobre o inimigo.

O ser humano, assim como um livro escrito por um autor meticuloso, se apresenta em capítulos complexos, moldados por nossas particularidades multifacetadas.

Considerando a fluidez dos cenários cotidianos, então tais particularidades sequer podem ser classificadas, elas oscilam constantemente no intervalo entre extremos de bom e ruim, relativizadas pelo contexto e intensamente dosadas por habilidades pessoais e sociais.

A consciência da sofisticação das tramas que sustentam nossa individualidade, nos dá a liberdade de escolher entre trabalhar nossas características e suas intensidades, mantê-las e buscar ambientes em que são valorizadas, ajustar nossos objetivos ou qualquer associação de duas ou mais dessas opções em graus variados.

Em outras palavras, as perguntas que devemos nos fazer são: “Eu não sou bom o suficiente ou o meio que eu estou inserido não é bom pra mim ?”, “Perseguir esse objetivo é o que me faz feliz ou me faz sentir inadequado e insuficiente”

Todo mundo é um gênio. Mas se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em uma árvore, ele passará sua vida inteira acreditando que é estúpido.

Diante de tudo isso, não tenho dúvida que o suprassumo das habilidades comportamentais são: autoconhecimento, flexibilidade e adaptabilidade. Conheça a si mesmo e entenda quais são as suas motivações e padrões de comportamento, isso vai te permitir fazer escolhas mais conscientes e autônomas. Seja flexível para mudar quando sentir que suas características não estão sendo valorizadas. Se adapte às novas realidades trabalhando seus comportamentos com habilidades como inteligência emocional e autorregulação. E acima de tudo: seja feliz.

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